MESTRE: Aldízio Gonçalves da Silva
Mestre Aldízio Ferreiro
Aldízio Gonçalves da Silva, o
Mestre Aldízio, nasceu no dia 2 de agosto de 1927, na Cidade de Assaré, Ceará.
Era pai de 15 filhos, com inúmeros netos e alguns bisnetos. Filho de João
Gonçalves da Silva e Maria das Dores da Conceição, viveu boa parte de sua vida
na Serra de Santana, sendo que, aos 43 anos, mudou-se para o Distrito do Amaro,
também no Município de Assaré.
Entre as décadas de 1960 e 1970, os
tempos eram difíceis, sobretudo por causa da seca e, muitas vezes, Mestre
Aldízio fazia o percurso entre Serra de Santana e Amaro a pé. Em outras
ocasiões, os filhos, ainda pequenos, lhe esperavam próximo à localidade da
Bonita para levar os insumos que ele conseguia para casa.
Mestre Aldízio dominava o ofício de
ferreiro e realizava muitos serviços, em sua pequena ferraria no Amaro. Era
conhecido pela destreza em manusear o ferro e extrair as mais belas e variadas
peças, para uso de seus companheiros, trabalhadores do campo. Com a
matéria-prima na mão, dava vida a esporas, foices, machados e todo tipo de obra
que se pudesse imaginar, a partir do ferro.
Com os filhos crescidos e morando
no Sul em busca de melhores condições de vida, mestre Aldízio passou a viajar
com frequência para visitá-los. Mesmo nesses momentos de passeio, não deixava
de lembrar-se de seu ofício e de sua oficina. Andava pelas ruas da cidade
grande, observando se havia algum pedaço de ferro ou qualquer outro material
que pudesse levar, para aproveitar e dar forma em sua ferraria. Além disso,
sempre trazia algo novo para incrementar o seu negócio. Grande foi sua alegria,
quando os filhos lhe presentearam com uma máquina de solda, que era um sonho
antigo do velho ferreiro.
No final da década de 1990, o
mestre ferreiro passou a morar na Sede do Município de Assaré. Montou sua
oficina na Rua Dr. Paiva, onde recebia as encomendas, agora de toda parte da
Cidade. Nos dias de feira, o pequeno espaço da ferraria ficava repleto de
pessoas, que admiravam sua arte e sua conversa.
Sim, a sua conversa! Pois além de
ser um exímio ferreiro, Mestre Aldízio era ‘‘Senhor das Anedotas’’. Sujeito
taciturno, de poucas palavras, sempre soltava uma de suas piadas, criadas
instantaneamente, com a precisão de um comediante nato. Não precisava registro
escrito, nem apresentação formal para essa sua arte, pois sua marca era a
caráter folclórico testemunhado pelas pessoas que tiveram a oportunidade de
compartilhar desses momentos e, hoje, contam as suas histórias acompanhadas de
boas risadas.
No dia 11 de fevereiro de 2013, o
mestre partiu. Na madrugada, sereno, deu seu último suspiro sem poder contar
mais uma de suas anedotas. Mas, suas histórias estavam na calçada, em seu
velório, e ainda estão na boca do povo que reconhece a sua importância e o seu
legado para a Cultura Popular. Por esse motivo a Secretaria de Cultura,
Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe condecoraram com o título de
Mestre da Cultura Assareense.
_____________________________________________________________________
MESTRE: Anacleto Dias de Oliveira
Mestre Anacleto Violeiro
ANACLETO DIAS DE OLIVEIRA nasceu no
Sítio Cacimbas, hoje Município de Tarrafas, aos 17 de outubro de 1921. Tendo
como irmãos: Amália Dias de Oliveira, (falecida), Maria Dias de Oliveira,
(falecida), José Bruno de Oliveira, (falecido), Expedito Dias de Oliveira,
carinhosamente chamado de Dôzinho (falecido), José Dias de Oliveira (Zé Garcia,
falecido, além de irmão, amigo íntimo, aquele que tinha grande aproximação),
João Matias de Oliveira, Maria Dasdores de Oliveira (falecida), Francisca Dias
de Oliveira (falecida), Anápole Dias de Oliveira (falecido), Cândida Dias de
Oliveira (carinhosamente chamada pelas amigas de Cidinha, Santa Dias de
Oliveira (falecida) e Antônio Dias de Oliveira.
Toda essa família de 13 filhos
tinha como genitores, o casal de agricultores Joaquim Dias de Oliveira e
Genoveva Maria de Jesus. Ambos criados com disciplina e ética entre o Sítio
Cacimbas e o Sítio Capão, que era, propriedade do mestre. Período de desprezo
político, de constantes estiagens, 1932, Joaquim Bruno, como era chamado,
consegue criar seus filhos com muita dificuldade. Entre essa enorme família,
existia um que se destacava: Anacleto Dias de Oliveira que, desde cedo, gostava
de ouvir um cantador que fosse de improviso ou uma boa música do som de um
violão. As Cacimbas era perto da Serra de Santana, terra do Poeta Patativa do
Assaré. Quando Anacleto nasceu em 1921, Patativa com 16 anos, aprendendo a
tocar e cantar de improviso, inclusive na casa de Joaquim Bruno seu amigo.
Quando ele se tornou profissional, cantava e inspirava Anacleto, ainda criança,
que veio, mais na frente, a ser seu parceiro de cantoria. Aos 15 anos de idade,
Anacleto compra uma viola e, em seguida, começa a tocar e a cantar. Sua voz era
o temor do sertão, encantava a família, os amigos e vizinhos, seus primeiros
ouvintes. Neste período, Patativa tinha trinta anos e já era profissional e convocou
Anacleto a bater asas no mundo da cantoria. Este torna-se profissional e canta
muito com Patativa, Alexandre, Zé Gonçalves e outros violeiros que ia
encontrando. Sua voz era de grande expressão, principalmente quando cantava
romances e canções, sendo ouvida, durante a madrugada, de lugares distantes do
evento que ele se apresentava.
Um de seus pontos altos da cantoria
foi se apresentar em Fortaleza para a senhora Nezinha Galeno, filha do poeta
Juvenal Galeno. Em 1964, antes de edificarem a estátua da horta, ele ganha um
concurso de poesia organizado por Pedro Bandeira de Caldas entre todos os
poetas da Região do Cariri. Voz bonita, improvisava e tocava bem, era homem
que, onde chegasse a se apresentar com seu falar eloquente, bom porte físico e
elegância no vestir chamava a atenção. Eram muitas as moças que iam as
cantorias, mais para ver o cantador do que para ouvi-lo cantar. Nas festas de
viola, em evidência na época, ele se tornou um boêmio. Muitos amigos e
familiares lhe apelidaram de “doutorzinho”, era um ídolo nas festas que
participou. Mas uma mulher lhe chamou a atenção, e muito rápido conquistou seu
coração foi Vicência Maria da Conceição, com quem, em 1949, casou-se e, dessa
união conjugal, nasceram: Francisca Dias de Souza (Francy), Francisco Vanilton
de Oliveira (Vevê para os amigos, já falecidos), Maria de Lourdes Dias de
Oliveira (Luvany/Lourdevan), Joaquim Dias de Oliveira, Francimeire Dias de
Souza (Meirinha), Francilene Dias de Oliveira (Laninha), Emanuel Dias de
Oliveira e Vildenberque Dias de Oliveira (faleceram recém-nascidos), e, um
filho adotado, Antônio Tomaz Neto. Essa é a prole do nosso querido poeta, que
dedicou sua vida ao improviso ao som da viola, também com Miceno Pereira,
Manuel do Cego, Geraldo Amâncio e toda a família Bandeira. Entre as várias
homenagens, o poeta Anacleto Dias de Oliveira (nosso doutorzinho) recebe da
Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e da Gestão Municipal o título
de “Mestre da Cultura Assareensse” pelos Saberes e Fazeres na Cantoria de Viola.
__________________________________________________________________
MESTRE: Antonio Delfino da Silva
Mestre Seu Ecílio
Antônio Delfino da Silva nasceu no
dia 17 de fevereiro de 1922, no Estado do Maranhão. Filho de Cícero Delfino da
Silva e de Benedita Paiva da Silva. Veio para o Ceará com aproximadamente 16
anos, na companhia de sua avó. Mas Antônio Delfino da Silva (popularmente
chamado de seu Ecílio), deixou no Maranhão 10 irmãos: Pedro (apelidado de
Vaniro), Balbina (apelidada de Loura), Emanoel (apelidado de Nélson),
Francisco, Juarez (apelidado de José), Jaconias, Maria (apelidada de Risor),
Antônia (apelidada de Dalcy), Aurizete (apelidada de Luzia) e José (falecido
aos seis anos).
Seu Ecílio, assim conhecido em
Assaré, casou-se cedo com uma prima denominada de Maria de Lourdes Matias da
Silva e, do casamento, nasceram cinco filhos, que são: Francisca Edileuza da
Silva, Raimundo Valderir da Silva, Antônio Alderir da Silva, Benedita da Silva
e Maria Edilsa da Silva.
Seu Ecílio enviuvou e, com o passar
do tempo, casou-se pela segunda vez, desta, com Luíza Alves da Silva e deste
casamento nasceram os seguintes filhos: José Neto Alves Damaceno, Francisco
Gilberto Alves da Silva, Maria Jucicleide
Silva de Oliveira, Cícero Alves da Silva, Maria Auxiliadora Alves da
Silva, Rosália Alves da Silva, Cícero Delfino da Silva, Francisco Alves da
Silva e Welington Silva de Oliveira; esse último, filho adotivo.
Desde os 16 anos, que seu Ecílio
aprendeu a fabricar e vender quebra queixo. Desse ofício, ele criou toda a sua
família, trabalhando também na agricultura. Seus produtos caseiros eram
vendidos nas festas, nas feiras em Assaré e em outras cidades circunvizinhas,
porém fez sua história dentro do Mercado Central de Assaré. Foram mais de
quarenta anos nessa labuta e centenas de pessoas saborearam o “doce” de Seu
Ecílio.
Por esse motivo, a Secretaria de
Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe atribuiram o título
de Mestre dos Saberes e Fazeres da Cultura Assareense.
___________________________________________________________________
MESTRE: Antonia Naylêe Costa SantanaMestra Dona Naylêe
Antônia Naylêe Costa Santana nasceu
em Assaré-CE, no dia 12 de junho de 1939, filha de Marculino Martins da Costa e
Maria das Dores Pereira Costa, de uma família de 04 filhos: ela, Antônia Naylêe
Costa Santana; Maria Adeisa Ribeiro; Maria da Costa Mota e Antônio Ribamar
Costa. Casou-se em 31 de Maio de 1961 com Aderson Alves Santana, e tiveram 02 filhas.
Dona Naylêe foi catequista,
trabalhou na loja de Raimundo Dias, em Assaré, e, aos 16 anos de idade, começou a fazer parte
da Confraria de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Assaré, a convite do Padre
Agamenon de Matos Coelho, da Paróquia de Nossa Senhora das Dores. Ela foi
secretária e, depois, tesoureira por muito tempo. Era encarregada, também, das
obrigações de visitar uma pessoa quando ficava doente, rezar o terço, e rezar o
ofício da Imaculada Conceição, todos os sábados, às 17 horas, na Matriz. Dona
Naylêe contribuiu com a Igreja, recebendo dos fiéis as suas “ofertas” as quais
eram usadas para comprar velas, flores a serem utilizadas nas épocas de festa
da Igreja e, também, para celebrar missas aos irmãos vivos e falecidos. Todos
os anos, celebrava o novenário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na
primeira semana do mês de julho, sendo que a sua data de comemoração é no dia
28 de junho.
Devota de Nossa Senhora das Dores,
foi uma incentivadora da religiosidade no Assaré, com seu trabalho e exemplo
para comunidade.
Devido os saberes e
fazeres de Dona Naylêe, a Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a
Gestão Municipal de Assaré reconheceu e atribuiu em vida o título de Mestra da
Cultura Assareense em Religiosidade.
___________________________________________________________________
MESTRE: Francisca Ferreira de Araújo
Mestra Dona Francisca
Francisca Ferreira de Araújo nasceu
no Sítio São Vicente, Município de Assaré, no dia 03 de abril de 1941, sendo
filha de Maria Sabina da Conceição e Cícero Ferreira de Araújo. Casada com
Pedro Brás do Nascimento, teve os seguintes filhos: Francisco Araújo do
Nascimento, Cícero Ferreira do Nascimento e Maria Aparecida Ferreira do
Nascimento.
Dona Francisca sai do São Vicente e
vai morar no Papa-mel na propriedade de Vicente Liberalino. Lá, ela ainda
jovem, religiosa fervorosa, conheceu a dança através de um tio chamado
“Amâncio'', que era cantor de um grupo de folguedo.
Dona Francisca gostou e começou a
participar como dançarina. O Grupo tinha 16 pessoas, 12 mulheres e quatro
homens. Uma dança durava em torno de 24 jornadas. Uma jornada completava o
círculo e durava uma média de duas horas.
Dona Francisca dedicou muitos anos
de sua vida a essa tradição popular, pagando promessas e animando as
comunidades próximas ao Papa-mel, chegando a dançar em outros municípios. A
dança de São Gonçalo é uma tradição de cultura do Assaré e Dona Francisca foi
umas das principais personagens dessa tradição cultural. Por esse motivo a
Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe
atribuíram o título de Mestra dos Saberes e Fazeres da Cultura Popular
Assareense.
___________________________________________________________________
Francisco Paes de Castro (Chico
Paes) nasceu em Assaré, no dia 23 de outubro de 1925. Agricultor, casado com
Maria Helena da Silva, com quem teve 03 filhos. Chico Paes morou no Sítio Riacho
do Felipe, no Município de Tarrafas e, com 08 anos, começou a tocar harmônica
de oito baixos, instrumento musical conhecido popularmente como sanfona pé de
bode, dando os seus acordes iniciais com o seu pai que já era sanfoneiro.
Sempre vendo o seu pai tocar, pegava a sanfona escondido do mesmo, quando ele
ia para o roçado trabalhar. Sua família é composta de 09 irmãos, dos quais, 02
tocavam instrumentos musicais.
Nosso mestre, além de tocar
sanfona, também tocou, junto com o seu pai, zabumba e pandeiro, que era a sua
grande inspiração. Cada vez mais entusiasmado com talento do filho, seu pai
comprou o primeiro instrumento musical ele e o mesmo teve que pagar trabalhando
na roça. Aos 20 anos, Chico Paes já tocava sanfona de oito baixos
profissionalmente em festas, casamentos, aniversários e com amigos. Começaram a
reconhecer o seu sucesso como tocador na região, e assim encontrou muitos
parceiros, dentre eles o maior tocador da região, que era Zé Pinheiro da
Paraíba, que já faleceu, se apresentando por muitas vezes juntos.
Depois de sua fama já consolidada,
seu Chico lançou uma música que fez muito sucesso, ‘‘Copo Cheio’’, e tem uma
curiosa história, pois tudo começou quando ele estava em uma roda de amigos,
bebendo numa mesa de bar e os copos estavam todos cheios de cerveja, assim ele
compôs essa música.
O nosso mestre já foi convidado
para tocar nas festas de Patativa por muito tempo e, também, sempre recebia
convites para tocar com grandes artistas como: Dominguinhos, Alcimar Monteiro,
Jorge de Altinho, Dorgival Dantas e outros. Chico Paes já possui um CD gravado
com 15 músicas e tinha grande ciúme da sua sanfona, pois, através dela, ele
expunha as suas músicas já gravadas e de outros artistas. O seu ciúme era
tanto, que não deixava qualquer pessoa tocar, só quem realmente sabia, por isso
ele falou que a sua sanfona pé de bode seria o seu casamento pro resto da vida.
Entre as várias homenagens, o
mestre Chico Paz recebeu da Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e
da Administração Municipal de Assaré o título de “Mestre da Cultura Assareense”
pelos Saberes e Fazeres.
___________________________________________________________________
MESTRE: Geraldo Gonçalves de Alencar
Mestre Geraldo Gonçalves
Mestre João Duarte
MESTRE: José Barata Pinto
MESTRE: José Lima Sobrinho
MESTRE: Joaquim Pereira Lima
MESTRE: Lauda Ferreira do Nascimento
MESTRE: Luiza Assunção do Nascimento
MESTRE: Maria Deusa e Silva Almeida
MESTRE: Maria Aparecida Amadeu da Silva
Mestra Maria Paulista
MESTRE: Maria Madalena Moreira
Mestra Dona Madalena
MESTRE: Maria Regina do Nascimento
MESTRE: Maria Zilda Sampaio Mota
Mestra Dona Zilda
MESTRE: Pedro Targino da Silva
Mestre Pedrinho do Pandeiro
MESTRE: Plácido Cidade Nuvens
MESTRE: Raimundo Alencar Mota
AUTOBIOGRAFIA de Geraldo Gonçalves
Nasci a 10 de setembro de 1945, no
Sítio Serra de Santana, que se localiza a 18 quilômetros de distância da Cidade
de Assaré.
Recebi, na pia batismal, o nome de
Geraldo e no registro de nascimento, esse nome seguido dos sobrenomes:
Gonçalves de Alencar.
São meus pais: José Gonçalves de
Alencar e Maria Risalva e Silva.
Tenho três irmãos, que são:
Terezinha, Marília e Maurício. Aprendi as primeiras letras no Sítio Serra de
Santana, fiz o Primário em Assaré e o 1º e 2º ginasial, em Crato no ano de
1962.
Desde a idade de 08 anos, que adoro
poesia e, na minha infância, o meu melhor divertimento era ler versos de
cordel. Depois da publicação do livro “Inspiração Nordestina, de PATATIVA DO
ASSARÉ, minha atenção voltou-se para as poesias matutas e com tanto interesse,
que logo em breve passei a escrever poesias campestres. Mas na linguagem matuta
mesmo, só depois do programa de Elói Teles, “COISA DO MEU SERTÃO”, em 1965.
Casei-me em 1970 com Maria
Fideralino de Lima, também do Sítio Serra de Santana. Da nossa união nasceram
seis filhas, denominadas de: GEOVANA, CRISTIANE, OFÉLIA, ADELAIDE, EUGÊNIA e IOLANDA.
Escrevi, sobretudo, cordéis,
poesias, poemas e sonetos – textos diversos em temáticas diversificadas.
A minha obra literária, considero
vasta, e aqui enumero algumas:
LIVROS: Suspiros do Sertão, Clarão da Lua Cheia,
Atrativos do Amor e da Paz, Poemas (Reflexos), O Homem Provisório, Ramalhe
(Sonetos & Trovas), Ao Pé da Mesa, em parceria com PATATIVA, Balceiros 1, 2
e 3. Vários cordéis, dois CD's e orientei muitos estudiosos da poesia popular.
Por tamanho talento e pela sua
contribuição para o engrandecimento da cultura, a Gestão Municipal e a
Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer atribuíram a Geraldo Gonçalves
o título de Mestre dos Saberes e Fazeres da Cultura Assareense.
___________________________________________________________________
João Duarte Pinheiro (João Duarte)
nasceu em 06 de março de 1918, filho de Joaquim Duarte Pinheiro e Rosa
Esmeraldina de Souza. Casado com Josefa Alexandrina de Avelar, no dia 07 de
março de 1943.
De seu casamento nasceram os
seguintes filhos: Josefa Duarte Pinheiro, Pedro Duarte Pinheiro, Benedito
Duarte Pinheiro, Francisco Duarte Pinheiro, José Duarte Pinheiro, Damião Duarte
Pinheiro, Luzia Duarte Pinheiro, Antônia Fatima Pinheiro, Luzia Socorro
Pinheiro e Luzia Tânia Pinheiro. Tendo ainda aumentado sua família com mais
quatro filhas adotivas: Maria Gonçalves de Alencar, Rosa Esmeraldo Pinheiro
Oliveira, Luzia Pereira de Amorim e Paulo Pereira de Amorim.
“Filho de peixe, peixinho é”, João
herda o dom do pai, que era vaqueiro profissional aos dez anos, ajudando-o no
manejo com o gado no Sítio Cachoeira, na fazenda do senhor Felipe Bezerra, onde
o pai recebia a renda do gado de quatro, uma.
Ele, tornou-se vaqueiro
profissional aos 15 anos e trabalhava para ajudar à família. Aos 25 anos,
casou-se e passou a montar sua casa na luta do gado.
Era, sem dúvida, de uma família de
vaqueiros, pois além dele e do pai, existiam Israel Duarte Pinheiro e Benjamim
Duarte Pinheiro, excelentes profissionais. João Duarte trabalhou até o ano de
1957, em uma fazenda no Sítio Cachoeira. Dizem, que seu pai pegava boi a
qualquer hora ou tempo: seja no sol ou na chuva; de noite ou de dia. João era
homem bravo, pegava boi mandingueiro, porém sofreu acidentes graves. Por
exemplo, no Sítio Boqueirão, hoje Boqueirão das Baratas, foi passar em baixo de
uma árvore, bateu a perna num toco e quebrou. Não tirou a perneira, conseguiu
vir à cidade e foi tratado por Dr. Gentil, que colocou na perna duas telhas e
mandou para casa, repousar. Com 60 dias, já estava na luta com o gado. Noutro
acidente, quebrou várias costelas e quase morreu. Porém, Doutor Gentil lhe
trata, novamente. O terceiro, um dos mais graves foi quando em suas andanças
campeando no Município de Crato, uma ponta de madeira entrou em seu olho e saiu
no ouvido. Dessa vez, foi atendido por um oculista daquele Município.
Com suas economias, comprou o Sítio
Barbosa, onde passou a lidar com o gado e produção de algodão. Lutou com gado
até aproximadamente 75 anos, quando adoeceu e só lhe restou saudade da lida do
campo, onde foi considerado herói na pegada de boi. Por esse motivo a Secretaria
de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe condecoraram com
o título de Mestre da Cultura Assareense, na modalidade vaqueiro tradicional.
MESTRE: José Barata Pinto
Mestre José Barata
No dia 18 de julho de 1928, no
Sítio Boqueirão, nasceu José Barata Pinto, filho de Francisco Barata e Antônia
Pinto Pereira que carinhosamente era chamada de “Mundica”. Os pais de José
Barata Pinto moravam no Boqueirão e eram donos da propriedade. Naquela época,
existiam duas profissões que o matuto sertanejo aprendia: agricultor e
vaqueiro. José herda do pai as duas profissões, mas se destaca na profissão de
vaqueiro. Desde muito jovem, já era respeitado pelos mais velhos da profissão.
Além de vaqueiro tinha habilidade para amansar burro brabo, e os animais era o
único meio para transportar mercadorias, por isso não faltava animal na sua
roça, para ser domesticado.
Era conhecido e respeitado por
todos da região, principalmente pelos companheiros de profissão e fazendeiros.
Encantou-se por uma sertaneja com o nome de Cândida Daniel Pinto, a bravura do
vaqueiro por terra, paixão que com o consentimento de seus pais e dos pais de
dona Cândida, casaram-se e foram morar no sitio Boqueirão. Deste matrimônio,
nasceram nove filhos: Francisco Daniel Pinto, conhecido como Chiquinho de Zeza;
Francisco Alcides Pinto, conhecido como Alcides de Zeza; Maria de Fátima Pinto
Pereira; José Alzir Pinto; Antônio Aldir Pinto; Maria Socorro Pinto Freire;
Maria das Dores Pinto; José Barata Filho e Rita de Cássia Pinto. Cria os 09
filhos na luta com a agricultura e na lida de vaqueiro, e sua esposa fiel
companheira era responsável pela casa e educação dos filhos. 08 dos seus
filhos, nasceram no Boqueirão, somente Aldair nasceu na Serra da Ema, quando
José Barata Pinto vai morar na propriedade de Doutor Milton Montenegro, diretor
proprietário da usina de despolpar algodão, localizada no Centro da Cidade de
Assaré.
Com o passar do tempo, seus pais morreram e o
Boqueirão torna-se uma propriedade por herança. Com a fama de vaqueiro
adquirida, ficou conhecido e apelidado de Zeza Barata e o lugar, para não
confundir com outros Sítios Boqueirões, ficou e continua sendo Boqueirão dos
Baratas, apelido herdado de sua bisavó segundo Fátima, filha mais velha de Zeza
Barata. Dos filhos, quem teve vocação para ser vaqueiro, profissão do pai, foi:
Chiquinho e Aldir. Segundo Fátima, a primeira perneira de Chiquinho foi feita
das mangas do gibão de seu pai. Ele tinha 08 anos de idade, seu pai o levou
para o campo e correram atrás de um boi. Quando Zeza Barata derrubou o boi,
Chiquinho estava no pé entregando a corda para o pai amarrar o boi.
Por muito tempo, foi vaqueiro de
Dr. Nilton Montenegro, depois foi vaqueiro de padre Agamenon até a sua morte e,
em seguida, foi vaqueiro de Raul Onofre. Trabalhando para Raul Onofre, ele
sofre um acidente grave, que lhe tirou dos campos, causando-lhe muita tristeza.
Esse acidente foi nos Inhamuns.
Correndo atrás de uma novilha, foi
frear o cavalo e a rédea rompeu-se, ele caiu de costas, quebrando os dois
braços, ficando com fraturas expostas, e passando muito tempo para se
recuperar.
Ficou viúvo, morando no Boqueirão.
Lugar onde que ele fundou um parque de vaquejada, em 1951, continuando até
hoje, a tradição dos bolões por filhos e netos.
Mesmo fora dos campos, nunca lhe
faltou um animal de montaria e arreação completa: peitoral, gibão, perneira,
careta, tendo usado até o fim da vida, o sapato carnal e seu chapéu de couro,
símbolo de um vaqueiro dedicado.
Por esse motivo a Gestão Municipal
e a Secretária de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer lhe conferiram o título de
Mestre da Cultura do Município de Assaré.
___________________________________________________________________
MESTRE: José Lima Sobrinho
Mestre Zeca Lima
A contação de história é uma
tradição que passa de pais para filhos e está presente nos quatro cantos do
Ceará. Seja no litoral, na serra, na capital, mais especialmente no interior,
onde ainda se conserva, em muitas cidades, o hábito de contar e ouvir histórias.
Podem ser de pescador, causos, anedotas ou contos, como mostra o cordel
‘‘Causos do meu avô’’, de autoria da professora Francy Freire. Em busca de
traçar um perfil do mais conhecido contador de história tradicional de Assaré,
a cordelista foca sua narrativa nas histórias que ouviu do seu avô José Lima
Sobrinho (Zeca Lima), sobre quem conheceremos, a seguir. José Lima Sobrinho
nasceu e se criou no Sítio Porcinhos –
zona rural de Assaré- no dia 17 de Abril de 1926. Filho de Antônio Lima de
Sousa e Josefa Maria de Jesus, casou-se 03 vezes, e, desses matrimônios, teve
dez 10 filhos, sendo eles: Maria das Graças Freire, Francisca das Chagas
Freire, Antônio Gonçalves Lima, Antônio Emídio de Lima, Francisco Lima de
Oliveira, Francisco Honório de Oliveira, Francisco Augusto de Oliveira, Antônia
Francisca Lima de Souza, Francisca Marsônia de Oliveira e Francisca Marcônia de
Oliveira Lima. Apenas aos 60 anos Seu Zeca veio morar com os filhos na Sede do
Município, em busca de melhores condições de vida. Era comum, naquela época, o
êxodo rural por ocasião de grandes períodos de seca. No entanto, a vinda do
senhor Zeca Lima (como era conhecido) para a cidade, trazendo toda a linhagem,
tinha outro objetivo: oferecer aos filhos uma educação de maior qualidade, com
as professoras Dona Balbina Barata e Dona Ligia Firmeza, as mais conhecidas
educadoras da época, assim como Dona Telina Almeida.
Muito devoto de São Francisco, foi,
pelo menos duas vezes, de Assaré à cidade de Canindé a pé, pagando promessa.
Nesse sentido, começou a viajar por várias cidades cearenses. Muito religioso,
seu Zeca Lima fez parte durante 50 anos da irmandade “Irmãos do Santíssimo”.
Além de católico assíduo, seu Zeca era mesmo conhecido como um grande contador
de causos. O povo do Assaré identificava-se imediatamente com suas histórias,
espontâneas, que retratavam o universo do sertão, nas histórias dos
antepassados, de assombração, de “trancoso”, etc. Essas histórias, muitas vezes
eram contadas na feira de Assaré onde, rapidamente, ficou conhecido como um dos
maiores contadores de causos da região, como mostra a nona estrofe do cordel
“causos do meu avô”. ‘‘Outro dia, ele contou que um rapaz adoeceu, teve uma
febre tão alta, deitou e adormeceu. O armador esquentou, que os punhos da rede
fedeu’’. E continua o cordel, narrando as histórias contadas por Seu Zeca:
‘‘Mas a mãe deu um remédio e o rapaz se enrolou, a rede de algodão grossa
gemeu, gemeu e calou. A mãe muito preocupada, foi ver se ele melhorou’’. E
continua: ‘‘Ao descobri-lo na rede, ela quase desmaiou, o rapaz estava morto,
no suor se afogou, o remédio que tomara, tirou a febre e matou. Seu Zeca Lima
também ficou conhecido pela capacidade de ajudar as pessoas. Mesmo sendo
humilde, de poucos recursos, fazia questão de ajudar a quem recorria à sua
ajuda, no Bairro Serra da Ema, onde fundou residência. Nesse sentido, era comum
gastar todo seu dinheiro, advindo da aposentadoria, distribuindo “feiras” aos
mais necessitados. O reconhecimento oficial se deu, apenas 7, anos após sua
morte. José Lima Sobrinho, ou simplesmente Seu Zeca Lima, morreu no dia 19 de novembro
de 2005. Em 2018, o Poder Executivo Municipal, por meio do prefeito Evanderto
Almeida, sancionou um projeto de lei, aprovado na Câmara Municipal de Assaré
denominando de “Zeca Lima”, uma das novas ruas da cidade. Algumas das histórias
de José Lima Sobrinho, você encontra no cordel “Causos do meu avô”, lançado em
2018 através da Secult Assaré, em parceria com o SESC Crato. Veja o que retrata
as últimas duas estrofes do cordel: ‘‘Outro dia ele botou uns terrenos pra
vender perguntaram: - onde fica e foram lá para ver - Acima da minha casa quem
quiser pode escolher. Era acima do telhado o povo só gargalhou algumas de suas
piadas em livro até constou’’.
Em 2012 foi homenageado (IN
MEMÓRIA) como Mestre dos Saberes e Fezeres Populares de Assaré, na categoria
“Contador de Causos” pela Gestão Municipal e Secretaria de Cultura, Turismo,
Desporto e Lazer.
___________________________________________________________________
MESTRA: Francisca Fernandes da Silva ( IN MEMORIAM )
Nome Artístico: Dona Santa Rezadeira
Ofício: Mestra em Religiosidade
Francisca Fernandes da Silva, popularmente conhecida por Dona Santa, nasceu dia 03 de junho de 1927, é natural da Paraíba. Perdeu sua mãe, logo após o nascimento. Seus avós a acolheram e lhe criaram. Teve uma infância com muita dificuldade, se é que ela teve infância, pois trabalhava para ajudar nas despesas da casa e, diante de tal sofrimento, casa-se com 13 anos de idade. Teve 30 filhos, mas só sobreviveram 09.
No início do seu casamento, ela observava atentamente seu tio Sebasto, que rezava em pessoas acometidas de vários tipos de enfermidades e que lhe procuravam a fim de receberem uma graça, curando-se de suas doenças.
Dona Santa resolve seguir o seu tio Sebasto, fazendo o bem para as pessoas da época. Onde ela morava, não tinha assistência médica e, por esse e outros motivos, ela passou a praticar o ofício da reza, quando tinha apenas 14 anos de idade, exercício esse, aceito por toda a comunidade. Sofreu resistência de seu marido e de alguns familiares, porém ela não desistiu de seu oficio até o fim da vida. Foram 30 gravidezes, porém seus filhos sobreviventes foram: Maria Fernandes da Silva, Luiz Fernandes da Silva, Severino Fernandes da Silva, Josefa Fernandes dos Santos, Cicero Fernandes da Silva, Assis Fernandes da Silva, Lúcia Fernandes da Silva, Francisca Fernandes da Silva Filha e Pedro Fernandes da Silva. Criou os netos: Emanuel Fernandes da Silva, Luzinete Fernandes, Carlinhos Fernandes, entre outros, que fizeram da casa de Dona Santa moradia. Lá era o aconchego, onde podia faltar conforto, mas não faltava calor humano.
Dona Santa, em sua residência, recebia todos os dias várias pessoas para que ela praticasse o bem, sem olhar a quem: a reza. Pacientemente, sempre atendeu a todos praticando o dom que Deus lhe deu. Nas rezas ela usava folha de pião roxo e arruda. Ela revelou que, às vezes, usava uma cabeça de alho em seu bolso, pois ajuda, e sempre rezava uma oração específica para cada pessoa.
Segundo ela, sua reza só podia ser ensinada a pessoa do sexo oposto e não podia ser da família, por isso, nenhum de seus filhos podiam aprender suas orações.
Pela tradição e respeito a Dona Santa que a sociedade tem, a Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer junto à Gestão Municipal a homenageiam com o título de Mestra dos Saberes e Fazeres da Cultura Popular Assareense.
______________________________________________________________________
MESTRE: Joaquim Pereira Lima
Mestre Joaquim de Cota
Joaquim Pereira Lima, nosso popular
Joaquim de Cota, nasceu no Crato em 08 de julho de 1917 e recebeu o apelido de
sua mãe que tinha o sobrenome de Cota. O filho de dona Cota tinha habilidade
nos trabalhos manuais, chegando a fazer crochê com agulha de pau quando menino.
Ele foi ferreiro e carpinteiro, porém, duas profissões que ele abraçou durante
a vida foi a de agricultor e a de artesão em couro. O trabalho em couro começou
aos 15 anos quando saiu do Crato, onde nasceu e, em 1945, adotou Assaré como
moradia. Joaquim de Cota era um autodidata na criação de suas peças de forma
artesanal. Foi um hábil fabricante de selas, selim, gibões, cinto de couro de
cobra, arreios, bolsas, bainhas para facas, xaréus, etc.
A fama de Joaquim de Cota não
estava na fabricação dos produtos e, sim, nos detalhes. Seus produtos foram
vendidos no Cariri, no Ceará e no Brasil. Joaquim Pereira Lima, nosso popular
Joaquim de Cota, casou-se com Maria Azevedo Rodrigues, união matrimonial que só
foi separada com a morte. O casal teve os seguintes filhos: Francisco Rodrigues
Pereira, Maria Ozenira Rodrigues, popularmente conhecida por (Bibita), Maria
Ozemita Rodrigues conhecida por (Loura), Antônia Rodrigues, Antônio Rodrigues
Pereira (conhecido por Mulico), Alzir Rodrigues Pereira e Maria de Fatima
Rodrigues Nogueira. Essa é a família de Joaquim de Cota, à qual se dedicou
durante toda a vida. Dominava a arte e sempre dividiu com quem se interessava e
tinha o dom de aprender. Foram vários iniciantes, porém alguns tiveram sucesso
ao aprender o artesanato em couro, por exemplo: Mulico, filho do artesão; Junior,
neto; Joaquim de Azarias, amigo; Chico Catingueiras, genro; etc. O artesão fez
sempre de sua oficina um espaço de visita e explicara as técnicas usadas para
produzir o artesanato. Além da arte, era um contador de causo e, a noite, em
vez de televisão, sentava na calçada e, quando provocado, não faltava uma
história a ser contada. Por exemplo, diz seu Joaquim que: “quando era rapazinho
gostava de andar de cavalo, levou um tombo foi no inferno, e viu o bicho ruim,
e quando acordou tava em casa, e não pense que é brincadeira não, seu menino.
Fiquei com o corpo tão quente, que passei três dias sem tomar banho porque o
corpo não esfriava’’.
Mestre Joaquim de Cota, devido a
sua habilidade e dedicação, na fabricação e no ofício de ensinar a arte em couro,
recebeu da Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e da Gestão
Municipal o título de Mestre dos Saberes e Fazeres Populares de Assaré.
___________________________________________________________________
MESTRE: Lauda Ferreira do Nascimento
Mestra Lauda Ferreira
Lauda Ferreira do Nascimento nasceu
em 25 de novembro de 1934, viveu toda a sua vida no Assaré. Filha de Manoel
Ferreira do Nascimento e Maria Regina do Nascimento. Membro de uma família de
11 irmãos, que são: Antonio Ferreira do Nascimento, João Ferreira do Nascimento
(conhecido como Dão), Eldo Ferreira do Nascimento, Elda Ferreira de Souza,
Telma Ferreira de Lima, Selma Ferreira de Melo, Francisco Ferreira do
Nascimento, José Ferreira do Nascimento (Feijó), motorista do Padre Agamenon e
do Padre Manoel Feitosa, Raimundo Ferreira do Nascimento e Emídio Ferreira do
Nascimento (Emilio). Lauda, durante sua vida, aprendeu a ser trabalhadora e
forte, por isso, exerceu várias profissões, como: enfermeira, professora de
datilografia, diretora do Centro de Telefonia do Assaré e dentista leiga,
profissão que abraçou com o maior carinho.
Como enfermeira, trabalhou com Dr.
Gentil, farmacêutico respeitado e filho do Assaré; com Dr. Mário Gomes,
farmacêutico muito conceituado, filho de Jucás e com Dr. Francisco Mota. Ela
ajudava em pequenas e grandes cirurgias feitas pelos primeiros farmacêuticos.
As pessoas que estudaram na década
de 70 e 80, do século passado, a maioria estudou datilografia com Lauda. E por
último, coordenou a cabina de telefones residenciais, em sua casa.
Lauda, desde jovem, teve uma grande
paixão pela profissão de dentista, nunca lhe faltou aparelhos para a extração
de dentes, fossem de crianças, de jovens e de adultos ou de idosos. Nas
segundas-feiras recebia pessoas de todos os sítios e da Sede do Município.
Naquele tempo, quando um dente doía, ela fazia a extração. Confeccionava
dentadura com a ajuda de sua irmã Selma, porém a grande paixão e habilidade,
era a extração. Morreu e deixou seus aparelhos como lembrança de uma dentista
leiga, que prestou relevantes serviços à comunidade.
A Secretaria de Cultura, Turismo,
Desporto e Lazer e a Gestão Municipal, por esses importantes serviços de
dentista leiga lhe conferem o título de Mestra dos Saberes e Fazeres da Cultura
Popular Assareense.
___________________________________________________________________
MESTRE: Luiza Assunção do Nascimento
Mestra Luiza do Eldo
Luiza Assunção do Nascimento (Luiza
do Eldo) nasceu em Iguatu-CE, no dia 23 de setembro de 1931. Filha de Cândido
Alexandre de Oliveira e Etelvina Assunção de Oliveira, família composta também
por seus 11 irmãos: Edilson, Valdo, Aurilio, Climerio, João, José, Maria
Assunção, Auristela, Terezinha e Francisca (Dodó) Neta. Casou-se no dia 24 de
julho de 1950 com Eldo Ferreira do Nascimento, com o qual teve 05 filhos: José
Ferreira do Nascimento, Valdenia Ferreira Furtado, Valdelice Ferreira Soares,
Maria Aparecida Ferreira, Antônio Edmar Ferreira, Francisco Helder Ferreira, Maria
da Gloria Santos (filha adotiva).
Começou a fazer comida no Mercado
quando tinha 40 anos de idade e, depois, resolveu fazer linguiça caseira, o que
aprendeu sozinha sem ajuda de ninguém. Quando casou em 1950, ela e o esposo
começaram a trabalhar juntos no Mercado fazendo caldos, sopas e a tapioca com
linguiça, que era o prato principal.
A linguiça era preparada com a
tripa de gado, que era posta de molho em água quente. Depois usava um funil de
alumínio para encher as tripas com a carne e todos os temperos. Utilizava um
pedaço de madeira com uma agulha fixada pra furar as tripas, quando ficavam
prontas, colocavam as linguiças em uma corda para secarem por umas 05 horas,
até ficar no ponto. A carne que usava, era colchão mole ou a pá do porco, e com
1,5 kg de carne, daria pra fazer um metro de linguiça caseira.
Dona Luiza vendia a linguiça por
palmo ou metro, o que custava em torno de R$ 30,00. Inclusive vendeu pra muitos
lugares como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e às pessoas que eram
freguesas.
Em 2010 recebeu visitas de
jornalistas da “TV Cidade” e Jornal “O Povo”, de Fortaleza para fazerem
entrevistas sobre sua arte de culinária.
Deixou de praticar a referida arte
devido a problemas de saúde no ano de 2011, repassando seus conhecimentos para
sua filha Aparecida. Logo depois, no dia 29 de novembro de 2012, teve uma
grande perda, o falecimento de seu marido.
Devido à sua dedicação à arte
culinária a Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão
Municipal a reconheceram como Mestra da Cultura do Assaré pelos Saberes e
Fazeres da Cultura Local.
___________________________________________________________________
Nasceu em 27 de setembro 1918 em
Assaré, filha de Alexandre de Matos, conhecido como ''Neném Arrais'', e Marieta
Onofre de Souza. Margarida Arrais era filha de duas famílias influentes
economicamente e politicamente: pelo lado materno, a família Onofre, expressão
no Município de Assaré e do lado paterno, a família Arrais, espalhada pelo
Cariri e por todo o Sertão dos Inhamuns. Seu pai manteve relações políticas com
líderes de Jucás e Saboeiro, (na época era comum, quando não se resolvia as
questões administrativas no diálogo, pegava-se em armas).
Foi nesse ambiente de disputa de
poder, que nasceu Margarida Arrais. Perde sua mãe com quatro anos de idade,
começa a vida sem o apoio materno e sem a presença da figura paterna, devido às
constantes viagens. Mesmo assim, estudou com uma professora particular até a
quarta série do Ensino Primário, dentro de sua casa.
Aos 14 anos, perde seu pai que foi sepultado
no mesmo túmulo de sua mãe no Cemitério São João Batista. Entre tantas
dificuldades devido à ausência materna e paterna, Margarida procura, desde
jovem, dar diretrizes à sua vida, tomando decisões, as vezes, contrárias aos
homens de sua família. Postura que não era normal na primeira metade do século
XX, onde a mulher tinha que ser submissa a quase tudo. Ela sempre reivindicava
a liberdade feminina na sociedade em que vivia.
Defendeu suas ideias em defesa dos
interesses políticos, herança de seu pai e em defesa do direito das mulheres
que eram proibidas de participarem das decisões, de terem liberdade e direitos
iguais, conquista contemplada na constituição de 1988.
Seu maior desafio veio com o
casamento que aconteceu em 30 de dezembro de 1955, e perdurou por toda a vida,
como exemplo de amor.
Era católica fervorosa, respeitando
o código de ética da Igreja e todos os preceitos da fé cristã, tendo o padre
como autoridade e seguindo os mandamentos da Igreja. Foi batizada pelo padre
Emílio Cabral. Sucederam-se párocos com comportamentos diferentes, mas ela
sempre respeitou as diferenças e, principalmente, o dogmatismo da Instituição.
Enquanto pôde, além de participar de missas e festas, ela enfeitava o altar de
Nossa Senhora das Dores, durante 42 anos, trocando flores artificiais por
naturais, sendo a troca diária. Fundou o grupo de oração da Divina
Misericórdia, coordenou e criou um projeto para adquirir dinheiro, comprando a
imagem de Jesus da Misericórdia. Sempre foi responsável pela organização do
altar de Nossa Senhora das Dores, passando a responsabilidade para sua filha
Maria das Dores, que a pratica até hoje.
Em 1956, começou a montar um
presépio em sua residência, realizando um sonho e até hoje sua filha conserva a
construção anual desse espaço religioso, em memória à sua mãe, preservando a
cultura da religiosidade popular de Dona Margarida Arrais.
A partir de 1957, criou e coordenou
o grupo da Lapinha com a ajuda de Dona Ligia Firmeza.
Dona Margarida Arrais trouxe no
sangue o fervor político, tanto do lado paterno como do materno. Mesmo perdendo
seus genitores muito cedo, ela acolheu essa paixão familiar: sempre, teve a
família ‘‘Catonho’’ como adversária política nas disputas partidárias. Viveu o
período dos intendentes, das eleições para prefeito e da ditadura getulista,
onde os conflitos eram constantes.
O Assaré também tinha suas disputas
e Margarida Arrais, apesar de ser de um sexo discriminado, sempre esteve
presente nos debates políticos, com pensamento e disputa bem definidos.
Passando a ditadura militar, um grupo de líderes se reunem para dar andamento à
política no Assaré, entre eles estavam: Vicente Torquatro do Amaro, Alencar
Severino da Aratama, José Cândido e Chico Rogerio de Tarrafas. Euclides Onofre
e Padre Agamenon Coelho decidiram colocar Dona Margarida como candidata a
prefeita, e por ser única mulher da época filiada a um partido político e com
poder de articulação. Ela não aceita e sugere o nome de Raul Onofre, seu primo,
a ser o candidato. A partir desse momento, sempre esteve em defesa do grupo
político de Raul Onofre, abandonando o grupo por questões pessoais, na eleição
de Raul Onofre e João Bantim de Tarrafas verso Pedro Gonçalves.
Nas questões
humanitárias, ela sempre atendeu aos menos favorecidos dos sítios e periferias.
A sua casa foi espaço de acolhimento tanto de filhos adotivos como de pessoas
que, passeando ou trabalhando na cidade, procuravam e eram acolhidas. Ela
lutou, de forma pratica, pelos direitos das mulheres, engajando-se nos
movimentos sociais em nome do bem-estar do povo assareense. Por esse motivo, a
Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe
atribuíram o título de Mestra dos Saberes e Fazeres da Cultura Popular
Assareense.
___________________________________________________________________
MESTRE: Maria Deusa e Silva Almeida
Mestra Dona Deusa
Maria Deusa e Silva Almeida,
natural de Assaré, nasceu no dia 08 de março de 1926, filha de Maria Santana de
Souza e Manoel José do Nascimento, popularmente conhecido por Manuel Prudêncio.
Dona Deusa foi, desde criança, educada dentro dos costumes da família e
atendendo aos ensinamentos da Igreja Católica, da qual participava. Aos 08 anos
de idade, ela já estava envolvida nos afazeres da Igreja, colaborando com o
Padre Sabino no que era possível a uma criança fazer.
Seus pais colocaram Dona Deusa na
escola, onde estudou até concluir o 4º ano na ‘‘Escola Reunida de Assaré’’:
esse era o maior nível escolar do Assaré. Para dar continuidade, só no Crato,
porém, seu poder financeiro a impossibilitou de continuar os estudos.
Dona Deusa aprendeu que a Igreja
fazia parte de sua vida, por isso jamais deixou de servi-la, independentemente
do Padre ou de coordenadores da instituição. Ela servia, atendendo à sua fé.
Tornou-se professora, alfabetizando
os filhos de vários moradores de Assaré, inclusive os filhos de Patativa, na
Serra Santana. Na sua sala de aula tinha algo diferente: ensina-la ler, a
escrever e a cantar. Educava com conceito morais e étnicos e levava
aprendizagem religiosa para a sala de aula, instruindo a rezar, enfim uma
verdadeira catequista e, ainda, ensinava seus alunos a dramatizar a história da
Igreja Católica. Por isso, por anos foi coordenadora da Lapinha tendo, como
incentivadora, sua professora e amiga Ligia Firmeza.
Com 20 anos de idade ela se
envolvia e amava três ações: professora, coroação de Nossa Senhora e
participação da Lapinha, o que a tornava uma moça realizada.
Na sua época, a tendência de toda
moça era um casamento. Com Dona Deusa não foi diferente, surge em sua vida José
de Abreu Almeida.
Dona Deusa, sempre decidida,
gostou, namorou e casou-se formando uma família de três filhos: Maria Deusimar
de Abreu, Maria Deusilar de Abreu (falecida) e José Abreu Filho. Com o
casamento, abandonou suas atividades? Jamais. Aumentou, com o marido
participando do Cursílio de Cristandade com outros casais (semelhante ao ECC).
A convite de sua filha Deusilar
realizou coroações na Cidade de Fortaleza, com visitas domiciliares e festa
final, coroando Nossa Senhora de Fátima.
Através do Padre Manoel Feitosa,
fez vários cursos de aperfeiçoamento para leigos da Igreja.
Com toda dedicação à igreja e à
família, ela exercia outras funções como: feirante, com banca na feira, e
vendedora de comida, para ajudar manter as despesas familiares.
por seu desvelo pela coroação de
Nossa Senhora e pela Lapinha, que lembra fortemente Dona Deusa, no verso
inicial:
‘‘Vamos todos para Belém,
Ao Deus Menino adorar,
Vamos, o que será, ora vamos ver,
Muito que admirar, o que vamos ver,
Vamos ver Maria, ora vamos ver,
A Jesus também, ora vamos ver,
A Jesus também, ora vamos ver...’’
(Caderno de cânticos de Dona
Deusa)
E no verso final que diz:
‘‘Adeus meu menino!
Adeus que me vou!
Até para o ano,
Se nós vivos for!
Essas palhinhas
Que vão se queimar...’’
Por esses motivos, a Secretaria de
Cultura, Turismo, Desporto e Lazer junto à Gestão Municipal do Assaré lhe
atribuem o título de Mestra dos Saberes e Fazeres da Cultura Assarense.
___________________________________________________________________
MESTRE: Maria Aparecida Amadeu da Silva
Mestra Maria Paulista
Nascida em 15 de novembro de 1939
na cidade de Santo Anastácio, no Estado de São Paulo, Maria Aparecida Amadeu da
Silva, conhecida em nossa comunidade como “Maria Paulista”, é descendente de
italianos. Filha de Pedro Amadeu e Antônia Narezze, cresceu e passou parte de
sua infância em sua cidade natal, depois se mudou com seus pais para cidade de
Marialva no Estado do Paraná, onde passou o resto de sua infância e
adolescência. Trabalhou com seus pais e irmãos na colheita do café por vários
anos.
Conheceu José Justino da Silva,
nascido na Cidade de Santana do Cariri, Estado do Ceará, sendo mais um cidadão
que estava naquela cidade à procura de trabalho. Casaram-se e foram morar na
Cidade de Maringá – PR. Dessa união nasceram três filhos: José Edson da Silva,
João Eder da Silva e Maria Edna da Silva, os três paranaenses.
Em 1976, seu José Justino idealizou
sua volta à terra natal, o que, pouco tempo depois, viera a acontecer. Porém,
Dona Maria e seus filhos foram para a Cidade de Campinas, Estado de São Paulo,
ficar com seus familiares, até seu José Justino organizar as coisas por aqui.
Dona Maria Paulista, com sua
religiosidade veio morar no Nordeste, possuindo duas tradições culturais
fortíssimas, que são as promessas aos santos e a reza para a cura de males
como: dor de cabeça, quebrante em criança, espinhela caída, torção em alguma
articulação etc. Sempre foi requisitada pela população local para fazer suas
orações nas pessoas que lhe procuravam, onde gentilmente fazia o atendimento de
forma gratuita, pura e simplesmente com a certeza de estar agradando a Deus,
quando atendia às pessoas.
Em maio de 1976, veio morar com
seus filhos em Assaré. Católica fervorosa, Dona Maria jamais deixou de ensinar
aos filhos a doutrina cristã e os princípios morais da vida. Com o tempo,
começou a rezar em crianças e, daí em diante, de forma geral, herdou as orações
que rezava de sua avó, uma senhora italiana de nome Ana Isnhavolin, que dizia a
ela que se começasse a praticar o dom de rezar, só parasse por motivo de saúde,
e foi o que aconteceu.
No dia 04 de julho de 2008, dona
Maria falece. Para os familiares, ela nunca deixará de ser a supermãe Dona
Maria Paulista e, para aqueles que a admiravam, a amiga inesquecível.
Por esse motivo, a Gestão Municipal
e a Secretária de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer lhe conferiram o título de
Mestra da Cultura do Município de Assaré.
___________________________________________________________________
MESTRE: Maria Madalena Moreira
Mestra Dona Madalena
Maria Madalena Moreira nasceu na
Cidade do Assaré, no dia 30 do novembro de 1924. Filha de Francisco Moreira e
Raimunda da Silva Louredo, de origem portuguesa.
Veio para Recife e de lá, para
Assaré. Aqui, além de Dona Madalena, teve mais três filhos: José Moreira,
Benedita Moreira Nunes e Geraldo Rogério. Dona Madalena foi educada nos
costumes da Religião Católica, à qual se dedicou a vida toda. Teve um namorado,
que pretendia se casar com ele. Porém, o mesmo foi embora e não voltou. Ela não
casou com mais ninguém.
Dedicou sua vida à sua religião, à
ajuda aos necessitados, adotou e educou os filhos: Raimundo Rogerio Neto,
Francisco Glaubério Alencar Rogerio, Antônia Aureliana Alencar Rogério e
Raimundo Diego Alencar Rogério, que sempre tiveram um respeito imenso por Dona
Madalena.
Dona Madalena, para manter suas
despesas, numa época de dificuldades econômicas, começou a negociar na feira
com bolos, sequilhos e pão de ló, esse último, sua grande especialidade. Dona
Madalena foi uma pessoa extraordinária nos dotes culinários. Moça simples,
porém, fabricante de produtos com textura e sabor inigualáveis na região. Na
feira, seus produtos eram levados além das fronteiras do Assaré, tornando-se
encomendas feitas pelas pessoas que tinham bom paladar. Teve sua vida dedicada
ao forno artesenal, de onde saíram, durante toda sua vida, seus saborosos bolos
e pães de ló. Por esse motivo, a Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e
Lazer e a Gestão Municipal lhe conferem o título de Mestra do Saberes e Fazeres
da Cultura Popular Assareense.
___________________________________________________________________
MESTRE: Maria Regina do Nascimento
Mestra Dona Regina
Dona Maria Regina do Nascimento
nasceu no Assaré, no dia 4 de maio de 1904. Desde jovem foi uma mulher decidida
em tudo que fazia e queria fazer.
Casou-se muito jovem, isso era
comum na sua época. Mãe de 11 filhos, que são: Antonio Ferreira do Nascimento,
Lauda Ferreira do Nascimento, João Ferreira do Nascimento, Eldo Ferreira do
Nascimento, Elda Ferreira de Souza, Telma Ferreira de Lima, Selma Ferreira de
Melo, Francisca Ferreira do Nascimento, José Ferreira do Nascimento (Feijó),
Raimundo Ferreira do Nascimento e Emídio Ferreira do Nascimento (Emilio).
Maria Regina teve um marido que não
respeitava o sacramento do matrimonio, deixando sua esposa muito chateada.
Motivo este, que a fez tomar uma decisão radical, abandonar o marido e ficar ao
lado de seus filhos, educando de acordo com os princípios éticos e morais.
Já pensou como foi difícil para uma
mulher jovem enfrentar esse desafio na década de 20? Porém, Dona Regina
trabalhou muito na roça, criou gado e colocou um pequeno comércio e trabalhava
junto aos filhos, ensinando a sobreviverem honestamente, experiência que
levaram para vida adulta.
Além de criar seus filhos com
dignidade, nunca mais adquiriu outro companheiro em sua vida para não
contrariar a educação de sua família. Além de tudo isso, criou filhos de outras
pessoas porque eram abandonados ou passavam necessidade financeira. A regra na
casa de dona Regina era dar comida a quem tem fome.
Na sua época, médicos não existiam
no Assaré, às vezes, somente a passeio. Dona Regina nasceu com o dom da cultura
milenar de parteira, herança de seus ancestrais.
Quantas vidas de mulheres foram
salvas, quantas crianças foram recebidas pelas mãos habilidosas de dona Regina.
Que fosse rica ou pobre; que fosse dia ou noite; que estivesse fazendo sol ou
chovendo; que fosse longe ou perto; que fosse a pé ou a cavalo; que seus filhos
estivessem doentes ou sadios; quando lhe convidavam, ela estava pronta e
gratuitamente fazia os partos e salvava vidas. Uma demonstração de
solidariedade com sua comunidade. Sempre foi respeitada na Cidade do Assaré.
Tanto que muitos lhe chamavam de ‘‘mãe’’ Regina. Por esse motivo, a Secretaria
de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe conferiram o
título de Mestra do Saberes e Fazeres da Cultura Popular Assareense.
___________________________________________________________________
MESTRE: Maria Zilda Sampaio Mota
Mestra Dona Zilda
Maria Zilda Sampaio Mota (Dona
Zilda) nasceu em Campos Sales em 19 de junho 1931. Filha de seu Mariano
Fernandes Sampaio e de Antônia Lúcia de Alencar. Casou em 22 de janeiro 1955
com Raimundo Alencar Mota, com quem teve 02 filhos: Raimundo de Alencar Mota
Filho e Lúcia de Fátima Sampaio Mota.
Passou no vestibular com 20 anos de
idade para Geografia, mas faltaram cinco cadeiras para concluir o curso, devido
a um problema de saúde de seu filho. Dona Zilda passou a infância em Assaré,
depois de casada foram para Fortaleza, onde moraram 22 anos, e depois
retornaram para Assaré.
Aos 30 anos de idade, fez o seu
primeiro trabalho com bonecas pra colocar fósforos. Depois, começou a pintar
jarros, quadros, bandeja de azulejos e outros. Aprendeu sua arte sem a ajuda de
ninguém. Em 1962, comprou uma máquina de estufa em Recife, para trabalhar com as
artes em pinturas. As ferramentas que utilizava eram: pincéis, lápis e tintas.
As telas e as molduras eram feitas por seu esposo, e dona Zilda fazia somente a
pintura.
Ela sonhava com pinturas e, no
outro dia, começava a pintar o desenho que havia sonhado, sendo assim a sua
grande fonte de inspiração artística. Vendeu muitos quadros, jarros e outras
artes, principalmente para pessoas de Fortaleza, que gostavam muito do seu
trabalho. Em Assaré, não teve muita aceitação, porque usava materiais
importados, o que tornava o valor dos produtos mais caros e exigiam muita mão
de obra, por exemplo, a pintura de quadros demora, em média, 08 dias para
ficarem prontos.
Em 05 de Março de 2008, recebeu a
homenagem de Mestra da Pintura em louça, na semana do Assaré em Arte e Cultura
"Festa de Patativa”, pela Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer
e a Gestão Municipal, pelos Saberes e Fazeres da Cultura Popular Assareeense.
___________________________________________________________________
MESTRE: Pedro Targino da Silva
Mestre Pedrinho do Pandeiro
Pedro Targino da Silva (Pedrinho do
Pandeiro) nasceu no dia 20 de dezembro de 1949, na Cidade de Assaré, filho de
José Soares da Silva e Josefa Targino da Silva, tinha 04 irmãos: Francisco Lino
Targino da Silva, Francisco Leniro Targino da Silva, Francisco de Assis Targino
e Maria Ermilia de Oliveira Chagas. Casou-se com Socorro Florenço, com quem
teve 02 filhos: Fernanda Oliveira Targino da Silva e Ricardo Oliveira Targino
da Silva.
Começou a tocar pandeiro aos 08
anos de idade. Aos 20 anos foi para São Paulo, onde morou por 07 anos e depois
voltou para sua terra natal, Assaré. Com a sua vinda reavivou os laços de
amizade com os seus conterrâneos e formou um grupo musical com o nome "Os
Imitáveis", que tocava MPB. O grupo durou apenas 01 ano, e se apresentava
com o objetivo de melhorar a renda familiar dos seus componentes. Pedro sabia
as notas musicais e já havia tocado com vários grupos famosos, tendo
participação com os “Demônios da Garoa”. Também tocou bateria e gostava de
choro e samba, tendo como parceiros Valter, Targino (falecido), Geovane e
Luizão de Telma. Amante da música, cantava bem samba e seresta. Porém, o seu
forte, era a paixão pelo pandeiro, companheiro no momento de distração com a
bebida do lado, mas também tocava bateria e ensinou a diversas pessoas a arte
de tocar pandeiro. Para garantir o sustento familiar, trabalhou em várias
profissões como: agricultor, garçom, pedreiro e açougueiro. Pedrinho
aposentou-se, devido ao problema de saúde e passou a tocar muito pouco, todavia
a paixão dele era continuar se apresentando com o seu pandeiro.
Como diz Adão Modesto e Valter do
Cavaquinho:
- Fomos amigos de Boêmia.
Pela tradição e respeito à Pedro
Targino da Silva a Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer junto à
Gestão Municipal o homenagearam com o título de Mestre dos Saberes e Fazeres da
Cultura Popular Assareense.
___________________________________________________________________
Mestre Dr. Plácido
Permita-nos a família do ilustre
homenageado, dizer que, foge das nossas possibilidades, publicar a biografia do
Dr. Plácido Cidade Nuvens, que recebeu a titularidade de Mestre Imortal da
Cultura deste Município. Justifica-se: não há como resumir, a três ou quatro
laudas a história de vida de um dos mais brilhantes brasileiros de todos os
tempos. O seu perfil biográfico, que um dia será escrito por alguém, mesmo em
formato compacto, ocupará centenas de páginas ou até milhares.
O nosso compromisso, hoje, com o
Dr. Plácido Cidade Nuvens, não se reportará ao garoto prodígio das escolas de
Santana do Cariri. Nem, tampouco, ao estudante que assustou os padres do
Seminário São José, do Crato, e do Seminário da Prainha, em Fortaleza, pelo
grau de desenvoltura ao aprender e socializar os conteúdos com tanta
espontaneidade. Não faz parte da nossa intenção, destacar a sua construção
intelectual ao se diplomar mestre e doutor nas melhores universidades da
Europa. E que o seu regresso ao País, deu-se por fortes constrangimentos,
porque a Europa queria arrebatá-lo, para alimentar as suas universidades com o
saber. Não nos intenciona, da mesma forma, lembrar que ao pisar no solo no
brasileiro, as universidades do Sudeste montaram barricadas, obstruindo o seu
caminho do regresso à sua a terra, de onde um dia saiu, mas prometendo voltar.
Pode-se dizer, que Dr. Plácido
ganhou todas as batalhas, para as quais se programou. Como também, saíra-se
vitorioso, até mesmo, em outras que súgiram repentinamente no percurso. Em
destaque, o Museu Paleontológico de Santana do Cariri e a sua entrada na
política, que o levou ao Paço Municipal da sua Cidade.
Depois das justificativas,
adentraremos ao que nos interessa.
O que nos faz enaltecer a memória
do Dr. Plácido Cidade, aqui em Assaré, concedendo – lhe a titularidade de
Mestre da Cultura, dá-se por conta do vínculo intelectual, que se consolidou
entre ele e o Poeta Patativa, por décadas.
Crato 1957 O adolescente Plácido
devorava as páginas dos volumosos livros, adotados pelo Seminário São José,
local de estudos e profunda reflexão. No mesmo ano, Patativa recebia o seu
primeiro livro, publicado com o título de capa: Inspiração Nordestina. Durante
os dias úteis, o poeta lidava com os instrumentos rudes da agricultura e, nos
finais de semana, tirava cantorias e vendia o seu livro.
Em suas férias, ao chegar à casa, o
seminarista encontrou um exemplar de Inspiração Nordestina, adquirido por seu
pai, diretamente de Patativa. Curioso pela leitura, deu de mão ao livro. Tudo
que estava ali expresso em versos, produzia significados filosóficos, porque se
voltava totalmente ao social. O poeta assareense denunciava as injustiças, a
falta de políticas públicas, que deixava um grande vazio entre o poder e o
povo.
Com o reinício das aulas, regressa
ao Seminário São José, mas não se esquece do livro. Nos intervalos, caladinho e
meio escondido, temendo represália do Monsenhor Pedro Rocha, intelectual e
professor em várias disciplinas, que poderia rejeitar a linguagem cabocla, lia
e relia as epopeias do vate da mão calosa.
O Assaré, como os demais municípios
do Cariri tem vários motivos para elevar reverências ao Dr. Plácido Cidade
Nuvens, a figura de número 1 do ensino superior, reconhecido da Região. Ao renunciar
a um posto de trabalho na comunidade científica europeia, ou declinar aos
convites das universidades brasileiras, ele agia coerentemente para blindar o
compromisso que fizera a si mesmo: regressar à sua terra, para defender o seu
sonhado projeto da educação universitária. Uma ação de humildade extrema. A
opção pelo cariri só vem fortalecer o seu nível de consciência ética.
Ao regressar, mesmo que em plena
ditadura militar, assumiu o braço social da Fundação Padre Ibiapina, entidade
diocesana, com o objetivo de desenvolver projetos de conscientização das
classes sociais menos favorecidas. Foram ações que percorreram todos os
municípios do Cariri, envolvendo rurícolas, ao incrementar as políticas
trabalhistas nos sindicatos de trabalhadores rurais, como ainda, levar a
motivação ao associativismo. Órgão da mesma entidade, a Faculdade de Filosofia
do Crato, sob a sua orientação pedagógica, modernizava os seus conteúdos e
entrava no processo de reconhecimento. Em paralelo, motivou a criação do Curso
de Direto, no Crato.
A grande vitória, obtida pelo
professor Plácido, ocorreu inesperadamente, muito embora, na época de grande
ativismo da sua vida, ou seja: prefeito, professor ativo e pesquisador. A
história será contada em poucas palavras: Na abertura da EXPOCRATO, o
governador Gonzaga Mota aproximou-se do professor Plácido, no palanque, e
cochichou dizendo que precisava falar com ele, urgentemente. Discurso vai,
discurso vem e, ao final, Gonzaga puxa-lhe com ar de inquietação e vai direto
ao assunto, com estas palavras:
“Plácido, eu vou criar a
Universidade do Cariri e tenho urgência, porque o meu governo se aproxima do
final. Para facilidade do processo, liguei para D. Vicente, propondo a compra
da Faculdade de Filosofia. Ele não aceitou a nossa proposta. Então, a única
pessoa capaz de dobrá-lo, será você. Vamos fazer a Universidade do Cariri
acontecer?”.
De fato, Dr. Plácido conseguiu
convencer o bispo, indo com ele ao governador, presenciando a negociação,
fazendo esforços para eliminar dúvidas.
Perder uma universidade, seria nada menos do que um ato desastroso.
Então, todos os municípios do Cariri terão,
até por obrigação ética, que dedicar um capítulo da sua história ao mestre
Plácido Cidade Nuvens.
Por esse motivo, a Secretaria de
Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe reconheceram como
Mestre da Cultura Popular Assareense.
___________________________________________________________________
MESTRE: Raimundo Alencar Mota
Mestre Mundinho Mota
Raimundo Alencar Mota (Mundinho
Mota) nasceu em Assaré, em 27 de janeiro de 1930, filho de Abel de Alencar Mota
e Ana de Alencar. Casou-se com Maria Zilda Sampaio Mota, com quem teve dois
filhos: Lúcia de Fátima Sampaio Mota e Raimundo de Alencar Mota Filho.
Aos 30 anos de idade, iniciou sua
arte em madeira, fazendo porta copos e bandeja de madeira com azulejo. Aprendeu
essa arte sozinho, sem incentivo de ninguém. Sua habilidade adquiriu respeito
no Município todo, usando ferramentas simples como faca de mesa, serra e
martelo, para bater os pregos nas armações de madeira, que têm um bom custo
para o mercado local.
A madeira que utilizava para fazer
uma arte, era cedro, compensados e outras fáceis de serem trabalhados.
Ele também se especializou em
altares, andores de santos, tudo em madeira.
Sempre vendeu seus produtos nas
feiras exposição do Crato e às pessoas amigas, que iam em sua casa comprar os
produtos produzidos por ele.
No ano de 2009, a Secretaria de
Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe conferiram o título
de Mestre da Cultura Assareense pelos Saberes e Fazeres Populares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário